
Luján (Martina Gusman) é uma médica que trabalha atendendo vítimas em longos plantões. Sua primeira imagem a mostra se injetando uma droga que a mantém calma e capaz de enfrentar a estressante jornada de trabalho. Luján e Sosa se conhecem quando ela é chamada para atender um acidente. Ele já está no local, aparentemente prestando socorro à vítima, quando a ambulância chega. Os dois passam a se encontrar várias vezes em outras ocorrências e começam um romance conturbado. Ricardo Darín ficou conhecido no mundo como o ator preferido do diretor Juan José Campanella, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro ano passado com o ótimo "O Segredo dos seus Olhos". Gusman é sócia do diretor Pablo Trapero na "Matanza Cine", produtora de "Abutres".
Trapero rodou o filme com a câmera digital RED, e a imagem é um misto de cinematográfico e jornalístico. "Abutres" é um filme bastante cru e, por vezes, chocante. A máfia das indenizações não se limita a explorar acidentes comuns, mas também em forjá-los. Há uma cena bastante forte em que Sosa aplica um remédio em um "cliente" e, enquanto conversa com ele, pega uma marreta e lhe quebra a perna. Claro que suas atividades não serão bem aceitas por Luján, que ainda tenta manter alguma ética médica. Sosa também está querendo largar tudo, mas seus superiores, através de ameaças físicas e psicológicas, não vão deixar.
Há vários planos sequência muito bem filmados pelo diretor de fotografia Julián Apezteguia, que mantém a câmera na mão e enquadra os personagens de forma documental. O plano final é brilhante, um belo trabalho de fotografia, direção e interpretação dos atores. E o cinema argentino, novamente, mostra como se podem fazer filmes sérios aqui por nossas bandas.
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