sábado, 29 de janeiro de 2011

Minhas mães e meu pai

Nic e Jules são um casal há vinte anos. Têm um casal de filhos, Joni e Laser (sim, como em "raio laser") e a garota está de partida para a faculdade. Esta seria uma família comum em um filme comum se não fosse pelo fato de que Nic e Jules são duas mulheres, interpretadas por Annette Bening e Julianne Moore. As duas ficaram grávidas do mesmo doador de esperma, e o filho mais novo, Laser (Josh Hutcherson), pede à irmã Joni (Mia Wasikowska) que ligue para a clínica de fertilidade para descobrir a identidade do pai. Ele é Paul (Mark Ruffalo), um solteirão que tem uma plantação de alimentos orgânicos, um restaurante e uma vida aparentemente tranquila.

Dirigido por Lisa Cholodenko, é um filme curioso, que quer ser ao mesmo tempo progressista e tradicional. A família, se não fosse pelo fato de ser lésbica, é o típico sonho americano. Nic (Bening) é uma médica bem sucedida que sustenta a casa. Ela é durona, perfeccionista e controladora. Jules (Moore) é mais submissa e ainda não descobriu o que fazer da vida; no momento ela quer ser paisagista. Joni é uma aluna exemplar que tem uma amiga que vê sexo em tudo e um melhor amigo por quem é atraída. Laser é o típico garoto sem rumo, que anda de skate com um amigo que, em breve, vai acabar parando na prisão. A vida de todos muda quando Joni e Laser finalmente conhecem o "pai", Paul. Ele é tudo que Nic não é; é divertido, livre, pilota uma motocicleta. Nic, claro, sente sua posição de "pai' da família ameaçada, o que a torna ainda mais repressora. É perfeitamente possível imaginar o mesmo filme tendo um homem no lugar de Annette Bening, mas provavelmente "Minhas mães e meu pai" não atrairia muita atenção.

Para complicar ainda mais a situação, Paul contrata Jules para fazer o paisagismo de sua casa e os dois começam a passar bastante tempo juntos. Jules gosta da atenção de Paul e, lésbica ou não, logo os dois acabam parando na cama. "Minhas mães e meu pai" ganhou como Melhor Filme (musical ou comédia) e Melhor Atriz (musical ou comédia) para Annette Bening no último Globo de Ouro e está entre os dez indicados a melhor filme no Oscar. Annette Bening está realmente muito bem, mas a indicação a melhor filme é um exagero (o filme é outro a se beneficiar do fato do Oscar indicar dez filmes desde o ano passado, ao contrário de cinco). Como já foi dito, ele é curiosamente tradicional e quadrado, chegando a terminar com um discurso sobre as dificuldades e virtudes do casamento. Mark Ruffalo (indicado ao Oscar de ator coadjuvante) repete o par vivido com Julianne Moore em "Ensaio sobre a Cegueira", de Fernando Meirelles. Paul, seu personagem, merecia um destaque melhor ao final do filme, que é mais dramático do que o trailer abaixo tenta passar.


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