quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Rede Social

Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) descobriu o potencial das redes sociais quando era aluno na Universidade de Harvard. Uma noite de 2003, depois de levar um "fora" da namorada, ele quis se vingar falando mal dela online. Também invadiu o banco de dados das alunas de Harvard e de diversas outras redes, criando um site em que os visitantes eram convidados a escolher, na tela do computador, qual a mais "atraente" entre duas garotas. Em poucas horas seu site se espalhou de forma viral pelo campus e o tráfego de informações foi tão grande que Zuckerberg derrubou o servidor de Harvard. A experiência lhe mostrou o quanto as pessoas se interessam em saber da vida alheia e em como elas, na verdade, colocariam voluntariamente informações sobre suas vidas para os outros verem. O ambiente universitário, carregado com altas doses de ambição, sexo e dinheiro, caiu como uma luva para a "república" virtual que Zuckerberg criou. Ele seria o bilionário mais jovem do mundo em pouco tempo.

Esta história é contada de forma muito competente pelo diretor David Fincher (de "Clube da Luta", "Zodíaco"), com roteiro de primeira de Aaron Sorkin, escritor e criador de séries premiadas como "The West Wing" e "Sports Night". Sorkin é habilidoso em escrever diálogos rápidos, irônicos e cheios de informações técnicas que, às vezes, até deixam o filme difícil de acompanhar, mas são um prazer de escutar. O filme parte de dois processos judiciais contra Zuckerberg. Um deles é feito por dois irmãos gêmeos de Harvard (interpretados pelo mesmo ator, duplicado digitalmente, Armie Hammer), campeões de remo que contrataram Zuckerberg para desenvolver um site. Eles o acusam de roubar a idéia deles para criar o Facebook.

O outro processo é mais pessoal, envolvendo o antigo melhor amigo de Zuckerberg, Eduardo Saverin (Andrew Garfield). Saverin teria desenvolvido o código matemático usado por Zuckerberg em seu site, além de bancar financeiramente os primeiros passos do Facebook. Acompanhamos as tramas em elaborados flashbacks que mostram o ambiente ultracompetitivo, classe alta, branca e protestante de Harvard. Também tem papel importante o criador do Napster, Sean Parker (o cantor Justin Timberlake), que consegue "enfeitiçar" Zuckerberg com suas histórias sobre como teria derrubado a indústria da música (além de ser processado, preso por porte de drogas e outros delitos) enquanto tenta afastar Eduardo Saverin do Facebook.

Com duas horas de duração, "A Rede Social" é bem mais profundo e bem feito do que se poderia esperar de um filme sobre um programa de computador. Fincher e Sorkin, auxiliados por um ótimo elenco (Eisenberg está especialmente bem como o obsessivo Zuckerberg) conseguem capturar o lado humano destas pessoas extremamente técnicas e ambiciosas, além de revelar o lado exibicionista, e carente, da sociedade moderna.


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