
Em 7 de julho de 2005, uma série de atentados terroristas aconteceu em Londres, explodindo trens do metrô e ônibus. Elisabeth fica sabendo das notícias pela televisão e liga para a filha, que mora em Londres, mas só atende a caixa postal. Preocupada, ela parte para a cidade. Ousmane fica sabendo pela mulher, da África, que também não tem notícias do filho, que está em Londres. Ousmane não o vê desde que ele tinha seis anos de idade, e parte para a capital da Inglaterra sem nem saber como o filho se parece. Elisabeth e Ousmane, ela branca e cristã, ele negro e muçulmano, vão se encontrar em Londres procurando por seus filhos.
“London River” é daqueles filmes em que a interpretação dos atores é sua principal qualidade. O roteiro e direção do franco-argelino Rachid Bouchareb não têm nada de extraordinário, e o filme, mesmo curto, se arrasta em uma série de cenas repetitivas, em que a inglesa e o africano ficam se encontrando em hospitais, supermercados e meios de transporte. Elisabeth descobre que a filha morava no segundo andar de um prédio em uma vizinhança muçulmana de Londres. Cheia de preconceitos, ela fica horrorizada por saber também que a filha estava aprendendo árabe (“Quem fala árabe?”, ela pergunta para a professora da filha). Ousmane fica sabendo que o filho frequentava a mesma aula que a filha de Elisabeth, e encontra uma foto em que os dois estão juntos. Ele entra me contato com a Elisabeth, que ao invés de se juntar a ele na busca pela filha, chama a polícia.
Blethyn e Kouyaté dão ao filme dignidade e realismo. O ator, que morreu em abril deste ano, aos 73 anos, interpreta Ousmane como um homem que viveu por muito tempo e não conheceu a família. Alto e magro, ele caminha por Londres apoiado em uma bengala e lida com o preconceito de Elisabeth com calma e paciência. Kouyaté ganhou o Urso de Prata em Berlim por esta interpretação. Blenda Blethyn é a típica mãe que descobre que não conhece a própria filha. Mas a preocupação quanto ao destino dela faz com que, aos poucos, sua revolta e preconceitos vão cedendo. Relutante, ela aceita a ajuda de Ousmane e os dois continuam procurando por seus filhos entre as centenas de mortos e feridos dos atentados. Um filme americano provavelmente teria criado um romance entre os dois (como no filme de Pollack), e sem dúvida seriam interpretados por atores mais novos. “London River” é mais documental, realista. O período retratado no filme é o mesmo do também documental “Jean Charles”, sobre o brasileiro morto pela polícia britânica duas semanas após os atentados de 7 de julho, confundido com um terrorista. (visto no Topázio Cinemas).
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