
Como se vê, Paul Giamatti interpretando ele mesmo lembra o tema de "Quero ser John Malkovich", e o processo de retirada da alma lembra "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", em que os personagens pagavam para tirar lembranças problemáticas da memória. Sophie Barthes, também autora do roteiro, no entanto, acrescenta ainda uma trama que envolve a máfia russa, que usa mulheres para fazer o papel de "mulas", contrabandeando almas entre os Estados Unidos e a Rússia. Uma delas é Nina (Dina Korzun), uma "mula" que já carregou tantas almas através do Atlântico que ela não sabe mais direito quem é. Ela vaga pelas ruas com "resíduos" das almas que já transportou, tendo flashes de lembranças que não são dela. Giamatti vai até a empresa e é convencido pelo "Dr. Flinstein" (David Strathairn) a passar pela extração de alma. Giamatti fica surpreso com o tamanho dela depois do procedimento. Sua alma, que tanto lhe pesava e atormentava, tem a aparência e tamanho de um grão de bico.
Há, obviamente, grande dose de humor negro por todo o filme. As cenas entre Strathairn e Giamatti, dois grandes atores que por anos foram coadjuvantes em Hollywood, são ricas em diálogos ácidos e irônicos entre o "cientista", frio, otimista e prático e o "artista", emocional, denso e egocêntrico. O roteiro não funciona em alguns detalhes. A personagem de Nina, principalmente, resulta em um enigma não resolvido. Giamatti "aluga" a alma que ele supõe ser de um poeta russo quando, na verdade, pertencia a uma mãe atormentada. O roteiro seria mais interessante, creio eu, se os personagens de Nina e de Olga (a mãe) fossem a mesma pessoa. Mesmo assim, "Almas à venda" é um filme muito interessante e carregado nas costas por Paul Giamatti. Há diversas piadas citando atores americanos como Al Pacino, Robert DeNiro e Johnny Depp, entre outros.
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