
O documentário foi produzido por Serge Bromberg e Ruxandra Medrea. Tudo teria começado casualmente, quando o elevador em que Serge estava ficou parado entre dois andares, em Paris. Junto com ele estava a viúva de Clouzot, e os dois passaram horas conversando sobre a obra-prima perdida do cineasta. O documentário conta com depoimentos de técnicos envolvidos com o projeto, como o cineasta Costa-Gravas, e farto material visual recuperado das horas de filmagem realizadas por Clouzot antes de abandonar o filme.
O que provavelmente aconteceu, dizem os entrevistados, foi uma combinação de genialidade misturada com megalomania, recursos ilimitados e um tema talvez pessoal demais para o realizador. Clouzot tinha manias de deixar qualquer um maluco, como acordar todos às duas da manhã para anotar suas idéias, ou exigir que trabalhassem aos domingos. Ele tinha o roteiro meticulosamente decupado, com story-boards de todas as cenas, detalhando até que lentes seriam usadas em cada plano. Costa-Gravas diz que este tipo de preparação não era bem vista pelos outros diretores franceses da nouvalle vague, adeptos de um cinema mais livre e improvisado. O documentário mostra dezenas de testes visuais feitos pela equipe de fotografia e efeitos visuais, que usaram lentes especiais, espirais, espelhos d´água e vários outros recursos para tentar recriar a mente doentia de um homem ciumento. A sensação que passa é que, por mais interessantes que algumas cenas sejam, o filme seria muito pesado visualmente, sem espaço para sutilezas. Talvez esta preocupação com o visual contribuiu para a perda de rumo do cineasta, que tinha três equipes de câmera à postos para filmar, mas que, geralmente, ficavam paradas à espera de cenas para rodar.
Documentário interessante para quem gosta dos bastidores do cinema e para conhecer este curioso episódio do cinema francês. Em pré-estréia no Cinema Topázio, em Campinas.
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