domingo, 9 de maio de 2010

O Preço da Traição

Ok, vamos por partes. Uma ginecologista bem sucedida profissionalmente, mas passando pela crise da meia idade, Catherine (Juliane Moore, magnificamente madura) suspeita que seu marido David (Lian Neeson), um professor de música, a esteja traindo. Ele é charmoso, tem muitas alunas jovens e interessadas e, aos olhos da esposa, flerta com todas as mulheres com quem encontra. No dia do aniversário do marido, ele não aparece na festa surpresa que a esposa lhe preparou porque perdeu o vôo de Nova York para Toronto, onde o casal mora com o filho adolescente. Ou será que ele perdeu o vôo porque teve um caso com uma de suas alunas? Desesperada e insegura, Moore resolve descobrir se o marido a está traindo ou não.

É então que entra Chloe (Amanda Seyfried, também em cartaz com "Querido John"). Ela é uma garota de programa que, por coincidências criadas pelo roteiro, se torna disponível para um jogo perigoso criado por Catherine. Ela a contrata para se aproximar do marido para testar a fidelidade dele (o título brasileiro, "O preço da traição", poderia ser trocado por outro igualmente bobo, como "Teste de fidelidade"). Aparentemente Catherine consegue o que quer. Chloe começa a lhe contar os encontros com o marido, com detalhes cada vez mais íntimos, o que provoca reações estranhas em Catherine. Estaria ela excitada com o que está escutando? Será que a idéia de ser traída pelo marido é uma forma dela ter alguma coisa "íntima" com ele, nem que seja pelas histórias contadas por uma garota de programa? Os diálogos supostamente "quentes" lembram "Closer", de Mike Nichols, outro filme em que a expressão "sexo oral" ganha outra conotação, literal, por tratar do sexo como algo mais intelectual do que físico.

O início promissor dá lugar a uma trama que, infelizmente, vai se tornando cada vez mais inverossímil e, a bem da verdade, pouco inteligente. O que estaria acontecendo? Seria a proposta de Catherine a Chloe uma vontade velada de, na verdade, fazer sexo com ela? Estaria o marido realmente a traindo? Será que Chloe é quem ela diz ser? O filme, do diretor Atom Egoyan, poderia ter tratado todas estas questões de forma muito mais interessante, sem ter que partir para uma resolução clichê. De um estudo psicológico adulto, o filme muda para um thriller convencional, no estilo de "Atração Fatal". Filmado no Canadá, em formato televisivo, "O Preço da Traição" talvez seja melhor visto em uma noite de sábado, em DVD. Como cinema, é decepcionante.


4 comentários:

Renata Cunha disse...

Sabe qual foi a minha reação ao ver o trailer no cinema? "Que merda". Não perco meu tempo (nem meu dinheiro) pra ver esse tipo de filme no cinema, não, ein? :P
E não gosto dessa tal de Amanda Seyfried.
Ps: "Closer" também é uma merda.

João Solimeo disse...

Bom, eu gosto de ver filmes preferencialmente no cinema, mas alguns não valem o ingresso. "O preço da traição" até tem seus momentos interessantes e o elenco está ótimo, mas a trama parte para um clichê atrás do outro, com direito a final à "Atração Fatal" e cenas em câmera lenta que colocam tudo a perder.

Menina de lah disse...

Quando me falaram desse filme, eu confundi com o Natalie X, sabe? Aquele com o Gérard Depardieu...Agora que li o seu texto tive certeza que nem de longe se parece com Natalie X!

Anônimo disse...

Gostei do filme! Achei Amanda além de bela, perfeita no papel de Chloe! Não deixa nada a desejar!