Há um curioso ar de “tranquilidade” no último filme produzido por Hayao Miyazaki, o mestre japonês da animação. “Ponyo”, feito em 2008 no Japão, mas sem previsão de chegar às telas brasileiras, é o décimo longa animado de Miyazaki, e dos mais tranqüilos e infantis de sua carreira. Baseado levemente em “A Pequena Sereia”, o desenho conta a história de uma “peixe dourado” chamada Ponyo, que é encontrada por um garoto de cinco anos presa em um pote de vidro. Ao quebrar o vidro para soltá-la, o garoto Sosuke (voz de Hiroki Doi) corta o dedo e uma gota de sangue cai na boca da peixinho, o que lhe dá o poder de se transformar em humana. Sosuke vive com a mãe Lisa (Tomoko Yamaguchi), que vive sozinha em uma casa à beira mar, e sente falta de Koichi, o pai de Sosuke, que é capitão de um navio. Lisa toma conta de umas senhoras em um asilo chamado Himawari (Girassol), e Sosuke vai à uma escola vizinha. O problema é que, ao retirar Ponyo do mar, Sosuke acaba causando um desequilíbrio ecológico que eleva o nível das águas e engole grande parte da cidade. O “pai” de Ponyo, um humano chamado Fujimoto (Jôji Tokoro), tenta a todo custo trazê-la de volta à água. Miyazaki conta esta história de forma predominantemente visual, em um saudoso estilo de animação feito à mão. Ao contrário de seus seguidores da Pixar (assumidamente fãs do mestre japonês, e responsáveis pela verão em inglês do filme), o mundo animado de Miyazaki não é fotorrealista como o mostrado em “Procurando Nemo”, por exemplo. Seu mundo tem tons coloridos que parecem quadros feitos em aquarela.
A seqüência inicial é bela e surrealista, mostrando o “pai” de Ponyo criando uma série de animais aquáticos através de uma espécie de poção mágica. Miyazaki não se preocupa em explicar muito quem é Fujimoto; o que saberemos durante o filme é que ele gerou Ponyo com uma deusa do mar. Assim como em “Totorô” (1988), no filme não há vilões. O tsunami e alagamento da cidade são mostrados não como uma catástrofe, mas como uma oportunidade para Miyazaki criar belas seqüências subaquáticas, cheias de peixes pré-históricos, que surgem sem muita explicação. Há uma sensação de sonho permeando toda a animação, sublinhada pela bela trilha sonora de Jou Hisaishi, tradicional colaborador de Miyazaki. A princípio, não parece um filme tão memorável como nos bons tempos de “Naushica do Vale dos Ventos” (1984), “Láputa, Castelo no Céu” (1986) ou “Totorô” (1988), clássicos de Miyazaki e do estúdio Ghibli. Mas é uma animação que "fica" com o espectador. E é sempre bom ver que Miyazaki está em atividade (ele já ameaçou se aposentar várias vezes), fazendo animações poéticas e mágicas como esta, que não tem apenas a intenção de vender brinquedos ou incitar a violência.
A seqüência inicial é bela e surrealista, mostrando o “pai” de Ponyo criando uma série de animais aquáticos através de uma espécie de poção mágica. Miyazaki não se preocupa em explicar muito quem é Fujimoto; o que saberemos durante o filme é que ele gerou Ponyo com uma deusa do mar. Assim como em “Totorô” (1988), no filme não há vilões. O tsunami e alagamento da cidade são mostrados não como uma catástrofe, mas como uma oportunidade para Miyazaki criar belas seqüências subaquáticas, cheias de peixes pré-históricos, que surgem sem muita explicação. Há uma sensação de sonho permeando toda a animação, sublinhada pela bela trilha sonora de Jou Hisaishi, tradicional colaborador de Miyazaki. A princípio, não parece um filme tão memorável como nos bons tempos de “Naushica do Vale dos Ventos” (1984), “Láputa, Castelo no Céu” (1986) ou “Totorô” (1988), clássicos de Miyazaki e do estúdio Ghibli. Mas é uma animação que "fica" com o espectador. E é sempre bom ver que Miyazaki está em atividade (ele já ameaçou se aposentar várias vezes), fazendo animações poéticas e mágicas como esta, que não tem apenas a intenção de vender brinquedos ou incitar a violência.
A propósito, "Ponyo" não foi indicado ao Oscar de Melhor Animação agora em 2010. Lamentável.
Câmera Escura
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