
"Distrito 9" é um dos filmes mais originais de ficção científica dos últimos anos. Ele tem todos os ingredientes do gênero, como espaçonaves vindas dos confins do Universo, extraterrestres, armas com alta tecnologia e efeitos especiais. Ao mesmo tempo, é uma alegoria bem bolada dos problemas que afligem o nosso planeta. Este é um filme de monstros em que os vilões, curiosamente, não vêm de fora. Os monstros somos nós. "Distrito 9" mostra como os seres humanos podem ser preconceituosos e violentos com o que é diferente. Os milhares de extraterrestres são mostrados em situações degradantes na grande favela que virou seu "campo de refugiados". Vivem procurando comida no lixo, inclusive "crianças pequenas", e sentimos repugnância pelo seu modo de vida. Feito como se fosse uma pseudo-reportagem, o filme lembra um pouco o estilo empregado em "Cloverfield", ano passado, que foi feito todo em "primeira pessoa", simulando um visual amador. "Distrito 9" é menos radical, mas o diretor Neill Blomcamp usa muito de câmeras operadas sem tripé e do ponto de vista de um repórter cinematográfico que foi chamado para acompanhar o "despejo" dos extraterrestres.
O resultado é um filme muito interessante, que ainda conta com entrevistas de "especialistas" como psicólogos, políticos e jornalistas. A companhia MNU é claramente baseada nas empresas militares privadas que os Estados Unidos tem usado em suas campanhas no Iraque. Composta por mercenários, eles são assassinos comandados pelo Coronel Koobus (David James). O personagem principal de Distrito 9 é Wicus van der Merwe (Sharlito Copley), genro do dono da MNU e o encarregado pela evacuação do Distrito para fora da cidade. Wicus é um burocrata da pior espécie, político e sorridente para as câmeras mas claramente um cafajeste. Ele toma uma dose do próprio remédio quando, infectado por um líquido estranho, começa a se tornar um extraterrestre. Ele é levado para o quartel general da MNU, que vê sua metamorfose com interesse, visto que as armas alienígenas só respondem ao DNA dos extraterrestres. Novamente, a situação é uma alegoria da ganância das empresas militares multinacionais, que fariam de tudo para lucrar com uma situação. A parte final é um pouco decepcionante, composta por perseguições impossíveis, explosões e tiroteios. "Distrito 9" foi produzido por Peter Jackson, de O Senhor dos Anéis, que também produziu todos os efeitos especiais. O título é uma menção ao "Distrito 6", região que teve muitos problemas, na Cidade do Cabo, durante os anos do Aparthaid.
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