Em “Jogo de Cena” (2007), o documentarista Eduardo Coutinho fez um jogo com a platéia. Contratou atores famosos e desconhecidos para interpretar “depoimentos” que eram intercalados com histórias reais ditas por pessoas comuns. O jogo era descobrir quem era real e quem era inventado. A conclusão que se pode tirar é que, no fundo, não faz diferença. Tudo é “verdadeiro” quando quer dizer alguma coisa.
Coutinho volta agora com mais uma experiência. Por três semanas ele gravou um grupo de teatro montando a peça “As Três Irmãs”, de Anton Tchekhov, mas de forma nada convencional. Com direção teatral de Enrique Diaz, o grupo Galpão fez uma série de workshops diante das câmeras de Coutinho, que novamente mistura ficção com realidade. Há cenas, por exemplo, em que os atores estão decorando as falas enquanto fazem um lanche ou trocam de roupa. Em vários momentos o espectador fica sem saber se os diálogos são dos personagens da peça ou conversas reais entre os atores. O rapaz está passando uma “cantada” na colega atriz ou é um trecho da peça? Conforme o filme avança, as cenas de bastidores vão se tornando mais raras e a peça vai ganhando destaque, embora os jogos continuem. Há um trecho em que dois atores fazem exatamente o mesmo papel, intercalando frases e mostrando duas formas diferentes de fazer o mesmo personagem.
O documentário foi exibido ontem no II Festival Paulínia de Cinema e Coutinho, sempre uma “figura”, subiu ao palco e disse que a montagem foi um “inferno”. Ele agradeceu especialmente ao produtor (e também documentarista) João Moreira Salles, por ter visto a montagem inicial (que tinha quatro horas e meia) e conseguido enxergar um filme ali. Após a sessão, Coutinho me disse que havia 70 horas de material para editar.
Fica evidente que Eduardo Coutinho, um dos mais importantes documentaristas do cinema brasileiro, está cada vez mais se aproximando da ficção em seus trabalhos e quebrando aquele modelo tradicional de documentário composto apenas por depoimentos para a câmera. Em “Moscou”, Coutinho não está simplesmente “documentando” a montagem de uma peça. A peça existe para que seja documentada por Coutinho que, por sua vez, cria sua versão de um filme de ficção. O documento, na verdade, é o do trabalho do ator. O espectador acompanha o gradual processo que começa com uma simples leitura ao redor de uma mesa e se transforma em uma cena montada. Aquela ‘mágica’ que acontece quando um ser humano representa outro.
Coutinho volta agora com mais uma experiência. Por três semanas ele gravou um grupo de teatro montando a peça “As Três Irmãs”, de Anton Tchekhov, mas de forma nada convencional. Com direção teatral de Enrique Diaz, o grupo Galpão fez uma série de workshops diante das câmeras de Coutinho, que novamente mistura ficção com realidade. Há cenas, por exemplo, em que os atores estão decorando as falas enquanto fazem um lanche ou trocam de roupa. Em vários momentos o espectador fica sem saber se os diálogos são dos personagens da peça ou conversas reais entre os atores. O rapaz está passando uma “cantada” na colega atriz ou é um trecho da peça? Conforme o filme avança, as cenas de bastidores vão se tornando mais raras e a peça vai ganhando destaque, embora os jogos continuem. Há um trecho em que dois atores fazem exatamente o mesmo papel, intercalando frases e mostrando duas formas diferentes de fazer o mesmo personagem.
O documentário foi exibido ontem no II Festival Paulínia de Cinema e Coutinho, sempre uma “figura”, subiu ao palco e disse que a montagem foi um “inferno”. Ele agradeceu especialmente ao produtor (e também documentarista) João Moreira Salles, por ter visto a montagem inicial (que tinha quatro horas e meia) e conseguido enxergar um filme ali. Após a sessão, Coutinho me disse que havia 70 horas de material para editar.
Fica evidente que Eduardo Coutinho, um dos mais importantes documentaristas do cinema brasileiro, está cada vez mais se aproximando da ficção em seus trabalhos e quebrando aquele modelo tradicional de documentário composto apenas por depoimentos para a câmera. Em “Moscou”, Coutinho não está simplesmente “documentando” a montagem de uma peça. A peça existe para que seja documentada por Coutinho que, por sua vez, cria sua versão de um filme de ficção. O documento, na verdade, é o do trabalho do ator. O espectador acompanha o gradual processo que começa com uma simples leitura ao redor de uma mesa e se transforma em uma cena montada. Aquela ‘mágica’ que acontece quando um ser humano representa outro.
2 comentários:
Obrigado pela visita, João.
Realmente, Moscou é daquelas jóias raras que aparece vez por outra no nosso cinema. Foi daquelas sessões recompensadoras pra quem ficou até o final (vi muita gente sair no meio, um tanto desnorteadas, hehe). É filme pra se rever muitas vezes ainda.
Quanto ao Destino, sábado,foram daquelas sessões antológicas, o constrangimento se materializando numa tela gigantesca, com som cristalino, e com os "realizadores" presenciando tudo. E com quase 2.000 pessoas rindo a cada minuto. Acho que valeu a pena por isso, hehe
Abraço!
Ainda bem que, entre o chinês da Lucélia Santos e o chinês do Ang Lee, eu pude escolher (e escolhi direito).
Abraço.
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