"Antes que o mundo acabe" foi o último filme exibido na competição oficial do II Festival Paulínia de Cinema, no dia 15 de julho e, em minha opinião, foi o filme mais gostoso de ver do festival. Dirigido por Ana Luiza Azevedo, "Antes que o Mundo Acabe" é uma produção da prolífica "Casa de Cinema de Porto Alegre", responsável por alguns dos melhores filmes nacionais dos últimos anos, como "Tolerância" (Carlos Gerbase), "O Homem que Copiava", "Meu Tio Matou um Cara" ou "Saneamento Básico" (todos de Jorge Furtado). Azevedo foi assistente de direção de Furtado e autora de vários curtas da casa, e faz sua estréia na direção de longas metragens. Baseado no livro de Marcelo Carneiro da Cunha, o roteiro foi escrito por Azevedo, Jorge Furtado, Paulo Halm e Giba Assis Brasil (que também é o editor do longa).
O filme conta a história do adolescente Daniel (Pedro Tergolina). Com 15 anos de idade, ele se encontra naquela fase em que os hormônios levam a melhor e tudo parece mudar muito depressa. Sua namorada, Mim (Bianca Menti) está em dúvidas sobre o namoro e pede "um tempo" a Daniel. "Quanto tempo é um tempo?", pergunta ele. Para complicar, ela está interessada no melhor amigo dele, Lucas (Eduardo Cardoso), que é o responsável pelo laboratório de Química no colégio onde os três estudam. Um dia Lucas sai mais cedo e deixa o laboratório sob a responsabilidade de Daniel. Ao descobrir que o melhor amigo está saindo com sua namorada, Daniel destrói o laboratório em um acesso de fúria e a culpa recai sobre Lucas. Além de estar com problemas com a namorada e o melhor amigo, Daniel começa a receber cartas da Tailândia de um fotógrafo que diz ser seu pai verdadeiro.
Tudo isso é contado de forma leve e divertida, sem cair no lugar comum. Daniel tem uma irmã menor chamada Maria Clara (Caroline Guedes) que tem um modo todo particular de ver o mundo. Parte da história é narrada por ela de uma forma que me lembrou muito o tipo de cinema feito por Jorge Furtado desde sua obra prima, o curta metragem "Ilha das Flores" (que consiste em criar "hyperlinks" entre os fatos do filme e informações extra filme). O fato do pai verdadeiro de Daniel ser fotógrafo também se presta para que o visual da obra seja muito interessante. Há várias referências à linguagem fotográfica e cinematográfica, como no brinquedo que Maria Clara tem no quarto (um zootropo, um dos primeiros aparelhos de imagens em movimento da história), ou nas colagens de figuras que ela faz. A narração também fala sobre as sociedades "poliândricas", em que as mulheres podem ter vários maridos, e o pai de Daniel pergunta a ele como isso seria visto aqui no Brasil. Claro que isso faz referência ao comportamento não só da namorada de Daniel como também do de sua mãe. Daniel é um garoto com "dois pais", um biológico e distante e um padrasto presente e gentil.
Tudo se passa na pequena cidade de Pedra Grande (RS), com uma passagem por Porto Alegre. Apesar da maioria da população ainda se locomover em bicicletas e o filme ter um ar que remete a uma vida mais pacata, é interessante notar que a tecnologia moderna não é deixada de fora; ela é representada pelo computador e aplicações da internet que já se tornaram lugar comum, como chats, Google Earth, sites de fotos e de busca (todos abrasileirados e adaptados de forma divertida). Quando Daniel ganha uma câmera fotográfica, é sua vez de registrar o que vê à sua volta e tentar tirar algum sentido disso. Será que tudo é o que parece? Será que o Brasil é tão diferente de um lugar distante como a Tailândia? Ou a globalização está nos deixando todos iguais?
"Antes que o mundo acabe" ganhou o prêmio da crítica no Festival de Paulínia e Ana Luíza Azevedo o de Melhor Direção. O filme ainda levou os prêmios de Melhor Fotografia (Jacob Solitrenick), Trilha Sonora (Leo Henkin), Figurino (Rosangela Cortinhas) e Direção de Arte (Fiapo Barth).
O filme conta a história do adolescente Daniel (Pedro Tergolina). Com 15 anos de idade, ele se encontra naquela fase em que os hormônios levam a melhor e tudo parece mudar muito depressa. Sua namorada, Mim (Bianca Menti) está em dúvidas sobre o namoro e pede "um tempo" a Daniel. "Quanto tempo é um tempo?", pergunta ele. Para complicar, ela está interessada no melhor amigo dele, Lucas (Eduardo Cardoso), que é o responsável pelo laboratório de Química no colégio onde os três estudam. Um dia Lucas sai mais cedo e deixa o laboratório sob a responsabilidade de Daniel. Ao descobrir que o melhor amigo está saindo com sua namorada, Daniel destrói o laboratório em um acesso de fúria e a culpa recai sobre Lucas. Além de estar com problemas com a namorada e o melhor amigo, Daniel começa a receber cartas da Tailândia de um fotógrafo que diz ser seu pai verdadeiro.
Tudo isso é contado de forma leve e divertida, sem cair no lugar comum. Daniel tem uma irmã menor chamada Maria Clara (Caroline Guedes) que tem um modo todo particular de ver o mundo. Parte da história é narrada por ela de uma forma que me lembrou muito o tipo de cinema feito por Jorge Furtado desde sua obra prima, o curta metragem "Ilha das Flores" (que consiste em criar "hyperlinks" entre os fatos do filme e informações extra filme). O fato do pai verdadeiro de Daniel ser fotógrafo também se presta para que o visual da obra seja muito interessante. Há várias referências à linguagem fotográfica e cinematográfica, como no brinquedo que Maria Clara tem no quarto (um zootropo, um dos primeiros aparelhos de imagens em movimento da história), ou nas colagens de figuras que ela faz. A narração também fala sobre as sociedades "poliândricas", em que as mulheres podem ter vários maridos, e o pai de Daniel pergunta a ele como isso seria visto aqui no Brasil. Claro que isso faz referência ao comportamento não só da namorada de Daniel como também do de sua mãe. Daniel é um garoto com "dois pais", um biológico e distante e um padrasto presente e gentil.
Tudo se passa na pequena cidade de Pedra Grande (RS), com uma passagem por Porto Alegre. Apesar da maioria da população ainda se locomover em bicicletas e o filme ter um ar que remete a uma vida mais pacata, é interessante notar que a tecnologia moderna não é deixada de fora; ela é representada pelo computador e aplicações da internet que já se tornaram lugar comum, como chats, Google Earth, sites de fotos e de busca (todos abrasileirados e adaptados de forma divertida). Quando Daniel ganha uma câmera fotográfica, é sua vez de registrar o que vê à sua volta e tentar tirar algum sentido disso. Será que tudo é o que parece? Será que o Brasil é tão diferente de um lugar distante como a Tailândia? Ou a globalização está nos deixando todos iguais?
"Antes que o mundo acabe" ganhou o prêmio da crítica no Festival de Paulínia e Ana Luíza Azevedo o de Melhor Direção. O filme ainda levou os prêmios de Melhor Fotografia (Jacob Solitrenick), Trilha Sonora (Leo Henkin), Figurino (Rosangela Cortinhas) e Direção de Arte (Fiapo Barth).
Um comentário:
Qual câmera fotografica é utilizada pelo personagem Daniel?? Obrigada
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