domingo, 21 de junho de 2009

Intrigas de Estado

"Intrigas de Estado" segue a linha de produções que mostram jornalistas investigando casos que envolvem conspirações entre grandes empresas, o poder e subserviência da mídia e o envolvimento de políticos em escândalos. Pode-se citar "Todos os Homens do Presidente" (de Alan J. Pakula), ou "O Informante" (de Michael Mann) como outros exemplos do gênero. Adaptado de uma série da televisão britânica, "Intrigas de Estado" é dirigido por Kevin MacDonald ("O Último Rei da Escócia") e foi escrito por Matthew Michael Carnahan ("Leões e Cordeiros") e Tony Gilroy, ótimo roteirista de toda a série "Bourne" e diretor de "Conduta de Risco" (Michael Clayton). Essa equipe classe "A" é acompanhada por um grande elenco, composto por Russell Crowe, Helen Mirren, Robin Wright Penn, Rachel McAdams, Jeff Daniels e Ben Affleck.

A trama envolve um deputado chamado Stephen Collins (Affleck) que está encabeçando uma CPI sobre a terceirização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Baseado em fatos reais, a "vilã" do filme é uma empresa chamada Pointcorp, empregada pelo governo americano para agir no Iraque e que fatura bilhões de dólares. Fundada e operada por ex-militares, a empresa é acusada de abusos no campo de batalha e por falcatruas internas. No início do filme, vemos três crimes aparentemente não relacionados que chamam a atenção de um repórter da velha guarda do "Washington Globe", Cal McAffrey (Crowe). Ele e Collins estudaram na faculdade juntos, e quando a principal investigadora de Collins é morta de forma suspeita no metrô, a imprensa cai em cima dele ao descobrir que o deputado estava tendo um caso com a garota. Cal estava investigando o assassinato de um morador de rua e de um simples entregador de pizza e descobriu que estes crimes estão ligados à morte da pesquisadora de Collins. Tudo aponta para uma conspiração da Pointcorp, que estaria interessada em desmoralizar Collins na Comissão de Inquérito.

O filme também toca na questão dos rumos do jornalismo neste milênio. Há uma demanda crescente dos donos do jornal para vender a qualque custo, e Cal torce o nariz para uma novata da redação, Della Frye (McAdamns), que escreve para a parte online do diário. Mas os dois acabam se tornando parceiros na investigação, e Russel Crowe mais uma vez se mostra um grande ator. Seu personagem é um jornalista das antigas, sempre com uma caneta e bloco na mão, com contatos em todo lugar e conhecido de policiais e políticos. Sua mesa na redação é aparentemente uma bagunça, assim como o carro velho que dirige. Interessante que a direção de arte tenha feito a redação do jornal com uma aparência que me lembrou um presídio. Há linhas verticais cortando a tela que lembram barras e o ambiente é escuro, mas Cal ainda acredita que a "verdade" tenha de ser buscada lá fora, nas ruas. Há uma complicação adicional no fato de que ele e a esposa de Collins, Anne (a bela Robin Wright Penn), terem tido um caso que vem desde a época da faculdade, e há um estranho triângulo amoroso entre o jornalista, o congressista e sua esposa, em que todos aparentemente sabem da situação mas nunca a comentam.

O filme é bem escrito, bem interpretado e dirigido. Há bons momentos de suspense e uma idéia de que ainda vale a pena lutar por alguma coisa.


2 comentários:

Luis Corvini Filho disse...

Também gostei muito do filme. E ele chega em boa hora, no momento em que as dúvidas quanto à real utilidade do diploma são postas à mesa. Jornalismo vendido ou por vocação?

Keep going!

Abraços

João Solimeo disse...

Exato, Corvini, pensei na mesma coisa. Valeu pela visita.

Abraço!