Ed Harris dirigiu, atuou, co-escreveu e co-produziu este faroeste à moda antiga. Harris já provou em vários filmes que é um ator excelente, e em "Pollock" (2000) que também podia ser um ótimo diretor. Neste filme ele volta à direção em um personagem bem mais comedido e centrado que em seu trabalho anterior. Em Appaloosa ele é Virgil Cole, uma figura quieta, introspectiva e mortal quando contrariado. Ele tem um parceiro de aventuras com quem trabalha há doze anos, Everett Hitch (Viggo Mortensen), que é seu comparsa, seu amigo e seu anjo da guarda quando as coisas esquentam. Os dois são contratados para livrar a cidade de Appaloosa de um cruel minerador chamado Randall Bragg (Jeremy Irons), que matou o delegado anterior a sangue frio e está aterrorizando a cidade. Cole e Hitch não passam de matadores contratados, mas é o oeste americano em 1882, e a lei era feita sempre pelo mais forte, ou o mais rápido no gatilho. Os dois mal tem tempo de se instalar na cidade e a matança começa. Há uma cena muito boa em que Bragg e seu bando vem conversar com Cole e Hitch e por um momento achamos que a guerra vai acontecer naquele momento, mas o roteiro é muito bom e tem um respeito enorme pelas palavras.
Chega então à cidade uma mulher chamada Allie French (Renée Zellweger), que atrai a atenção de Hitch mas é Cole quem a conquista rapidamente, prometendo um lugar para ficar e um emprego como pianista no hotel da cidade. Já imaginamos o velho clichê em que a mulher vai terminar com a amizade dos dois homens mas, repito, o roteiro é mais inteligente do que isso. Allie é uma mulher que sabe usar sua suposta vulnerabilidade para conquistar o coração dos homens e pode ser vista como uma manipuladora ou simplesmente como uma mulher tentando sobreviver. Mas a ligação entre Cole e Hitch é tão grande que não é fácil de ser quebrada. Ed Harris dirige de forma brilhante e sua performance ao lado de Viggo Mortensen é ótima. Os dois são homens de poucas palavras, e em algumas cenas diálogos inteiros são substituídos por apenas um olhar rápido entre os dois. Seu relacionamento me lembrou o de Henry Fonda e Anthony Quinn em "Minha Vontade é a Lei" (Warlock, 1959), de Edward Dmytryk, em que Fonda era o pistoleiro famoso enquanto Quinn era seu guarda costas.
A fotografia de Deam Seamler, fotógrafo veterano que já havia feito faroestes como "Dança com Lobos", e que neste filme voltou a trabalhar com película depois de uma série de filmes rodados em suporte digital. A tela em widescreen é usada para capturar as largas paisagens americanas ou para enquadrar os poucos, mas eficientes, duelos do filme. Percebe-se um grande cuidado na reconstituição de época, figurinos, detalhes e na cenografia da cidade fictícia de Appaloosa, construída para a produção. O filme foi lançado em DVD e contém extras muito bons sobre os bastidores, entrevistas com o elenco e equipe técnica.
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