A Janela é dirigido por Carlos Sorin. É um filme pequeno, curto, que é uma contemplação sobre a chegada da morte. Com poucos atores e feito todo em uma locação, Sorin se baseia em um elenco sólido, na bela fotografia de Julián Apezteguia e em um som impressionante. Como praticamente não há música (a não ser na cena do sonho), o som tem uma importância fundamental em nos transportar para aquele mundo privado e instrospectivo do escritor. Há uma cena muito bonita em que Antonio foge de seu quarto para dar uma volta pela fazenda e quase podemos sentir o cheiro do mato, da pequena horta e das flores por onde Antonio anda, tal a perfeição das imagens e da recriação sonora. A figura de um velho piano também é importante para a trama e para o estado de espírito do filme. Como o filho está vindo da Europa, Antonio contrata um afinador para olhar o instrumento, e há um paralelo interessante entre a visita do médico, com suas agulhas e instrumentos, para examinar Antonio, e a figura do afinador tentando trazer o piano à velha forma.
O filho chega ao final do dia, trazendo uma namorada que não se conforma com o fato de seu celular não ter sinal. Os sons da natureza, grilos, sapos, pássaros noturnos e do vento, vão se tornando cada vez mais fortes enquanto a noite cai, trazendo com ela uma escuridão que nós, habitantes do mundo moderno, já nos desacostumamos. Sorin, com seu filme, nos reapresenta a certas verdades esquecidas pelo mundo moderno. O dia é claro, a noite é escura e a morte chega a todos um dia. Aos seres humanos resta saber transformar o tempo entre o nascer e o pôr do sol em algo útil e belo, através do trabalho, da cultura e da arte.
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