
O que faz um Diretor de Fotografia? Depois do diretor, ele tem a maior responsabilidade dentro de um set de filmagem. Ele é o responsável pela iluminação, pela escolha da câmera e do tipo de filme, lentes e filtros que serão usados para capturar (fotografar) a imagem. Basicamente, ele é o responsável pelo "look" do filme. Um bom diretor de fotografia pode dar a um filme um tom antigo, ou moderno, "quente", "frio", "sujo". As cores podem ser usadas para distinguir épocas ou locais diferentes dentro de um mesmo filme (como em "Traffic", por exemplo). Tudo isso pode ser feito na pós produção, mas geralmente já é feito na fotografia. No Oscar de 2008, dos cinco filmes indicados para Melhor Fotografia, Roger Deakins estava indicado em dois deles ("O Assassinato de Jesse James..." e "Onde os Fracos não Têm Vez"), perdendo para "Sangue Negro", fotografado por Robert Elswit.
Há alguns momentos em "O Assassinato de Jesse James" que parecem uma pintura. Jesse James foi um dos criminosos mais famosos dos Estados Unidos. É sintomático que ele seja interpretado por Brad Pitt, já que James, a seu modo, pode ser considerado um precursor da "cultura das celebridades" moderna. Jesse James e seu irmão mais velho Frank (o sóbrio Sam Shepard) fizeram fama e fortuna assaltando bancos e trens no século 19. O mais novo, Jesse, de temperamento irrequieto, se tornou estrela principal de vários livros baratos que os jovens da época, ávidos por aventura, liam com interesse. Um desses jovens era Robert Ford (Casey Affleck, muito mais talentoso que seu irmão Ben). Ford mantinha os livros de aventura de Jesse James embaixo da própria cama e, quando apareceu a oportunidade de trabalhar para seu herói, foi como um sonho se tornando realidade. O crítico americano Roger Ebert, em sua resenha sobre o filme, aponta a óbvia conotação homossexual que existe na ligação entre Jesse James e seu seguidor. A sequência do último assalto a trem perpetrado pelos irmãos James é fotografada por Roger Deakins como uma espécie de sonho. Surgindo da escuridão completa, a locomotiva se aproxima da barreira colocada sobre os trilhos e suas luzes iluminam, como fantasmas, os capangas do grupo à espreita na floresta.
Após o assalto, o grupo se desmembra, mas Jesse James mantém Robert Ford por mais uns dias em sua casa, onde mora com a esposa Zee (Mary-Louise Parker) e um casal de filhos. O filme então se alonga por mais de duas horas, basicamente contando a história descrita no título. Sim, é um filme em que Jesse James é assassinado pelo covarde Robert Ford. Mas é quase como se James estivesse cansado da vida, na verdade, e resolvesse arriscar um jogo mórbido com seu maior fã. Há vários momentos de beleza, em que novamente é a direção de fotografia que se destaca, e o elenco faz um bom trabalho (principalmente Sam Rockwell como o irmão mais velho de Robert). Um narrador distante conta a história, desapaixonado, quase que didaticamente, do que aconteceu. O filme ainda segue a vida de Robert Ford após o assassinato e, sem dúvida, sua história é irônica. Ele esperava glória e fortuna por ter matado um criminoso, mas passou para a História como um covarde.
O filme tem direção de Andrew Dominik, baseado no livro de Ron Hansen. É lento, pensativo, por vezes profundo. O tipo de filme, descobri, que acaba fazendo o espectador pensar nele depois. Mas é lento, longo e requer paciência. Disponível em DVD.
Um comentário:
a melhor coisa pra mim do filme, eh a musica! nick cave & warren ellis, fodaço... o q vc achou?
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