"Onde os fracos não têm vez", filme anterior dos irmãos Coen, foi muito elogiado pela crítica e até levou o Oscar de Melhor Filme mas, é fato, não foi nenhum sucesso de público. O estilo lento e principalmente o final em aberto deixou muita gente confusa (ou brava mesmo) com os dois irmãos mais criativos do cinema americano. Pois bem, eles agora retornam com um filme cheio de astros e um estilo bem mais leve e acessível. O que não significa que "Queime depois de ler" seja um filme "convencional". Joel e Etan Coen são famosos por seu estilo meticuloso, ritmo lento e diálogos bem escritos. Tudo está presente na nova produção da dupla, mas em doses menores. Adiciona-se uma boa dose de humor negro e temos esta comédia de erros que satiriza os filmes de espionagem e a paranóia americana.
John Malkovich é Osbourne Cox, um analista da CIA que, no início do filme, está sendo dispensado do trabalho. Um superior lhe diz que ele tem um problema com a bebida. "Vocè é mórmon! Para você todos têm problemas com a bebida!", retruca Cox. Ressentido e muito, muito bravo, Cox vai para casa e conta à eposa que se demitiu, e que pretende escrever um livro de "memórias". A esposa é Katie (Tilda Swinton... quem senão os irmãos Coen para imaginar um casal como John Malkovich e Tilda Swinton?), que está tendo um caso com Harry Pfarrer (George Clooney, se divertindo). Harry é supostamente um policial (nunca o vemos trabalhando) que, em 20 anos de serviço, nunca disparou uma arma. Ele é casado com uma escritora de livros infantis. Recapitulando: Cox (Malkovich) é casado com Katie (Swinton), que tem um caso com Harry (George Clooney), que é casado com uma escritora.
Em uma academia de ginástica, a instrutora Linda Litzke (Frances McDormand), está passando pela crise da meia idade. Ela quer se "reinventar" passando por uma série de cirurgia plásticas caras (que seu plano de saúde não cobre); ela tabém está tentando encontrar um companheiro em anúncios da internet. Ela trabalha com Chad (Brad Pitt), um personal trainer hiperativo que, um dia, está todo animado em frente ao computador: o faxineiro encontrou no vestiário um CD que, supostamente, contém informações sigilosas da CIA. Chad descobre que o dono do CD é um analista chamado Osbourne Cox (lembram-se?), e sugere a Linda que eles tentem trocar o CD por dinheiro.
Com esses personagens e ingredientes os Coen vão construindo um filme que, de início, nem é assim tão cômico mas que, aos poucos, vai se tornando cada vez mais absurdo e engraçado. Clooney e Tilda Swinton, vale notar, interpretaram juntos no drama "Conduta de Risco" (Michael Clayton, 2007), pelo qual Swinton ganhou o Oscar. Brad Pitt está muito engraçado, interpretando um rapaz não muito esperto e que acha que está dando um grande golpe ao chantagear um espião da CIA. E o que dizer de John Malkovich?
"Queime depois de ler" não é nenhuma obra prima, e está distante das tragicomédias anteriores dos Coen como "Barton Fink" e o estupendo "Fargo". Mas ainda é um filme acima da média.
5 comentários:
Estranho falar isso Joao, pq Onde os Fracos Nao tem Vez foi o filme dos irmaos Coen que mais arrecadou dinheiro ate hoje. Nao foi sucesso de publico? Talvez perto de Dark Knight, mas perto de qualquer outra coisa deles, sim senhor...
http://www.boxofficemojo.com/people/chart/?view=Director&id=joelcoen.htm
Quis dizer "sucesso" em termos de se gostar do filme, nem tanto por bilheteria. Sim, o filme teve bilheteria pela exposição (ganhar um Oscar leva muita, mas muita gente ao cinema), mas em termos de aceitação, já escutei muita reclamação quanto ao final do filme e a suposta falta de "resolução" do roteiro.
Mas valeu pelo toque.
Abraço.
Assisti o Queime depois de ler!
Muito bom!
É engraçado pela situação que ele cria... mas ser beem uma comédia.
Sei lá, acho que é uma nova definição (ou simplesmente uma comédia inteligente??)
corrigindo:
Não é beeeeem uma comédia
Então, Diego, não é uma comédia nos moldes tradicionais. Principalmente porque, ultimamente, comédia tem sido sinônimo de "besteirol" no cinema americano. Os Coen são bem mais inteligentes, temos que reconhecer.
Abs!
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