Não deixa de ser engraçado também assistir a este filme um dia depois de ter visto "Romance", de Guel Arraes, em que a estrutura do amor romântico é esmiuçada no roteiro de Arraes e Jorge Furtado. Um dos alicerces da tragédia romântica, o triângulo amoroso, está por toda parte no filme de Woody Allen, embora de forma cômica. As americanas Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) resolvem passar o verão em Barcelona na casa de uma amiga da familia. Vicky está fazendo um mestrado sobre "identidade catalã"; ela é centrada, decidida e está noiva de Doug (Chris Messina). Cristina está procurando por "alguma coisa". O narrador (a voz de um homem que não sabemos quem é) diz que ela passou um ano produzindo um filme de 12 minutos sobre o amor, e agora está procurando um novo rumo na vida. As duas estão jantando uma noite quando são interrompidas por um artista espanhol chamado Juan Antonio (Javier Barden), que tem uma proposta: ele gostaria que as duas fossem suas convidadas em um final de semana em uma cidade chamada Oviedo. O roteiro do passeio incluiria ver uma escultura, passear pela cidade e, se possível, sexo entre os três. Vicky, chocada com a ousadia, descarta a proposta imediatamente, mas Cristina resolve aceitar e os três partem para a aventura em um avião monomotor.
Este é o ponto de partida para uma série de complicações amorosas. Cristina, a mais "fácil" das duas, naturalmente planeja se relacionar com Juan Antonio assim que possível, mas uma úlcera a coloca de cama, sozinha, pelo final de semana. Isso abre espaço para que a personagem de Vicky se desenvolva. Interessante como, no mundo moderno, em que as noções de "romantismo" são tão vagas, e as mulheres têm muito mais liberdade para fazerem o que bem entendem, ainda se mantenha a noção de que o homem tenha que conquistá-la. Cristina, antes do ataque de úlcera, diz a Juan Antonio que irá ao quarto dele, mas ele terá de "seduzi-la". Vicky, por outro lado, tem noções muito mais concretas (ou assim ela acha) sobre o que ela quer da vida e do seu futuro marido, mas a doença de Cristina a "força" a passar o final de semana na companhia de Juan Antonio. Após passeios, uma inesperada visita ao pai dele e de uma apresentação de violão flamenco, no entanto, Vicky acaba cedendo aos encantos de Juan Antonio, e volta para Barcelona com suas convicções abaladas.
A trama se complica quando a ex-mulher de Juan Antonio, a "caliente" Maria Elena (Penélope Cruz) reaparece depois de uma tentativa de suicídio e volta para a casa dele, que já está morando com Cristina. O noivo de Vicky, para complicar, resolve se juntar a ela em Barcelona e propõe que os dois se casem lá mesmo, antes de voltarem para os Estados Unidos. Formam-se assim vários triângulos amorosos. Juan Antonio, Cristina e Maria Elena, que no início se odeiam, acabam formando uma relação à três. O outro triângulo é formado por Vicky, o noivo e, na imaginação de Vicky, por Juan Antonio, de quem ela não consegue se esquecer. Rebecca Hall faz um ótimo trabalho na criação de Vicky, que me pareceu a personagem mais plausível do filme. Há algo de genuíno em sua confusão entre a segurança possivelmente entediante representada pelo noivo e a aventura e paixão representados por Juan Antonio. Scarlett Johansson, no entanto, está me parecendo cada vez mais fraca como atriz. Não ajuda muito o fato de seu personagem ser uma pseudo-artista, uma pessoa em busca de algo que nem sabe o que é e que, a bem da verdade, soa um pouco fútil. Javier Barden e Penélope Cruz, especialmente, são perfeitos. A fotografia de Javier Aguirressarobe dá um tom quente e colorido a todo filme. Woody Allen escreve e dirige praticamente um filme por ano, para o bem e para o mal. "Vicky Cristina Barcelona" pode não ser uma obra prima, mas é dos melhores filmes de Allen dos últimos anos, e tem ido bem nas bilheterias.
A trama se complica quando a ex-mulher de Juan Antonio, a "caliente" Maria Elena (Penélope Cruz) reaparece depois de uma tentativa de suicídio e volta para a casa dele, que já está morando com Cristina. O noivo de Vicky, para complicar, resolve se juntar a ela em Barcelona e propõe que os dois se casem lá mesmo, antes de voltarem para os Estados Unidos. Formam-se assim vários triângulos amorosos. Juan Antonio, Cristina e Maria Elena, que no início se odeiam, acabam formando uma relação à três. O outro triângulo é formado por Vicky, o noivo e, na imaginação de Vicky, por Juan Antonio, de quem ela não consegue se esquecer. Rebecca Hall faz um ótimo trabalho na criação de Vicky, que me pareceu a personagem mais plausível do filme. Há algo de genuíno em sua confusão entre a segurança possivelmente entediante representada pelo noivo e a aventura e paixão representados por Juan Antonio. Scarlett Johansson, no entanto, está me parecendo cada vez mais fraca como atriz. Não ajuda muito o fato de seu personagem ser uma pseudo-artista, uma pessoa em busca de algo que nem sabe o que é e que, a bem da verdade, soa um pouco fútil. Javier Barden e Penélope Cruz, especialmente, são perfeitos. A fotografia de Javier Aguirressarobe dá um tom quente e colorido a todo filme. Woody Allen escreve e dirige praticamente um filme por ano, para o bem e para o mal. "Vicky Cristina Barcelona" pode não ser uma obra prima, mas é dos melhores filmes de Allen dos últimos anos, e tem ido bem nas bilheterias.
2 comentários:
Melhor Woody desde... Deconstructing Harry?
Bom, eu gostei bastante de Matchpoint, que é depois de Harry. Não gostou?
Abs.
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