quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Pai, Filhos & Etc
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Rebobine, Por Favor
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Última Parada 174
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O Açougueiro (1970)
O Açougueiro (Le Boucher, 1970) tem vários dos elementos hitchcockianos do suspense. Em uma pequena cidade do interior da França, uma bela mulher (loira e fria como as de Hitchcock), chamada Helene (Stéphane Audran) é professora e diretora de uma escola para crianças.
Um ex-soldado, o açougueiro Popaul (Jean Yanne) a conhece em uma festa de casamento que abre o filme. É curioso como a festa é filmada de modo quase documental, com muito uso de "zoom" e enquadramentos "desleixados". Quando Popaul e Helene saem da festa, o filme se torna meticulosamente filmado e enquadrado. Um longo plano contínuo acompanha o casal da festa até a casa da moça, que fica na própria escola. O suspense vai sendo criado aos poucos, nem tanto pelo que acontece na tela, mas sim fora dela. Uma garota é brutalmente assassinada em um bosque da cidade, mas Chabrol não mostra nem o crime nem o corpo. Apenas ficamos sabendo do fato por causa de uma conversa entre duas crianças, alunos de Helene, e pela presença da polícia correndo pela cidade.
Não é muito difícil saber quem é o assassino, mas esta não é a questão. Hitchcock já ensinava que suspense é diferente de surpresa. Em um filme em que se tem que descobrir o assassino geralmente há uma surpresa, algum acontecimento que ninguém esperava e que acaba revelando a identidade do criminoso. Suspense se cria quando o espectador já sabe de alguma coisa, mas não pode fazer nada. Uma bomba que explode de repente é surpresa. Saber que há uma bomba em um quarto, e imaginar se ela vai explodir ou não, é suspense. A relação entre a professora Helene e o açougueiro Popaul é claramente uma bomba esperando para explodir. Os dois passam a se ver com frequência, mas o caso não passa de amizade por causa de Helene. Em uma conversa no bosque (o mesmo em que foi encontrado o corpo, provavelmente) ela lhe diz que teve um grande amor no passado e que não quer sofrer novamente. Isso não impede que ela o convide para jantar, ou ao cinema.
É a própria Helene quem encontra o segundo corpo, durante uma excursão com suas crianças. Ela também encontra algo que pode indicar a identidade do assassino mas, curiosamente, ela não passa a informação para a polícia. As cenas finais são do mais puro suspense. Sozinha na escola, à noite, Helene vai fechando todas as portas e janelas do lugar em um ótimo jogo de luz e sombra, até o confronto final. A única coisa a se lamentar no filme é a trilha sonora, composta por uma série de sons dissonantes e claramente datados, típicos do final dos anos 1960. De resto, um belo trabalho do diretor francês, fazendo grande suspense e ótimo cinema.
domingo, 19 de outubro de 2008
Caos Calmo
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Nas filmagens de "Jean Charles"
sábado, 11 de outubro de 2008
U23D
Filmes em 3D não são novidade. Experimentos em três dimensões datam do início da história do cinema, e a tecnologia vem sendo desenvolvida e usada nos cinemas há décadas, principalmente em filmes de aventura, em que objetos parecem ser jogados em direção da platéia. O ponto fraco sempre foi o uso de óculos coloridos desconfortáveis e que nem sempre produziam o efeito desejado. A produção é mais cara tanto do ponto de vista da filmagem quando da exibição, e o processo nunca vingou realmente. U23D foi produzido utilizando um processo digital criado pela empresa 3ality Digital, que gravou diversos concertos durante todo o ano de 2006, sob a direção de Catherine Owens e Mark Pellington. A platéia ainda tem que usar óculos especiais, mas eles são leves e com uma lente especial (não colorida) que transforma a imagem da tela em 3D. Outra aspecto técnico que me impressionou foram os efeitos de pós produção e o uso, em 3D, de gráficos e frases que literalmente saltam da tela. Há um momento em que Bono finge desenhar uma TV no ar, com o dedo, e um gráfico em 3D aparece conforme ele desenha.
Isso não passaria apenas de um exercício técnico interessante se não fosse pelo conteúdo do filme. A banda irlandesa U2 sempre chamou a atenção tanto pelos aspectos musicais quanto por seu lado militante. É certamente uma das bandas mais bem sucedidas, constantes e duradouras da história do rock. A bateria de Larry Mullen Jr e o baixo de Adam Clayton mantém o ritmo para as viagens sonoras da guitarra de The Edge e a performance sempre apaixonada de Bono, que parece cantar como se fosse seu último show. Os críticos têm certa razão em reclamar de certa teatralidade ou megalomania, mas quantas bandas "pop" dos últimos vinte anos têm a energia do U2 no palco? O show, composto por 14 músicas, passa por sucessos recentes e revisita os clássicos que marcaram a história do grupo, principalmente no que considero seu auge, o lançamento do álbum "The Joshua Tree" (com músicas como "Where the streets have no name", "With or without you" e "Bullet the blue sky"), e anteriores, como "New year´s day", "Pride (In the name of love)" e "Sunday Bloody Sunday". A seleção de músicas para o filme foi feita levando-se em conta a popularidade das canções, mas há boa continuidade entre elas. Há até o que se poderia chamar de um "bloco político" composto pela sequência "Sunday Bloody Sunday", "Bullet the Blue Sky", "Miss Sarayevo" (com uma leitura da Declaração dos Direitos Humanos) e "Pride".
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Cinema - Entre a Realidade e o Artifício (livro)
domingo, 5 de outubro de 2008
Ao Entardecer
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Não Amarás
“Não Amarás” trata da história de um adolescente tímido e reprimido de 19 anos chamado Tomek (Olaf Lubaszenko). Ele trabalha no posto de correios durante o dia e vive com uma senhora em um conjunto de prédios. Toda noite, por volta das 20h30, Tomek entra em seu quarto e passa a observar atentamente, através de uma luneta, o prédio de frente ao seu. É lá que vive Magda (Grazyna Szapolowska), uma mulher madura e independente por quem Tomek está apaixonado. De seu posto, em cenas que lembram muito o clássico de Alfred Hitchcock, “Janela Indiscreta” (Rear Window, 1954), Tomek fica observando Magda chegar do trabalho, sair do banho, jantar e, invariavelmente, se envolver com homens. Tomek não é apenas um observador passivo. De vez em quando ele interfere no que ele vê do outro lado da luneta. Em uma das vezes que Magda está com um namorado, por exemplo, Tomek liga para a companhia de gás de diz ter um vazamento no apartamento, mas passa o endereço de Magda. Aos poucos, ele vai encontrando maneiras de se aproximar mais dela, deixando falsas ordens de pagamento na caixa postal dela, forçando-a a ir ao posto do correio em que ele trabalha, ou entregando leite no apartamento dela todas as manhãs.
Uma noite ele a vê sozinha e chorando, após uma briga com o namorado. Ele finalmente se aproxima e se declara a ela, que a princípio fica brava com a invasão de privacidade e procura se vingar. Mas, aos poucos, ela acaba gostando da atenção e os dois finalmente saem juntos. É então que o amor platônico de Tomek precisa enfrentar a realidade do amor físico praticado por Magda. A primeira noite termina de forma trágica, e a partir deste momento o filme inverte o foco, passando a seguir a história do ponto de vista de Magda, que passa a tentar acompanhar a vida de Tomek do outro lado da janela.
O estilo de Kieslowski é lento e intimista, auxiliado por seus habituais colaboradores, o músico Zbigniew Preisner e o co-roteirista Krzysztof Piesiewicz. Ele é mestre em criar ambientes com pouca luz e muitas sombras, revelando o estado das personagens. “Não Amarás” chega a ser quase um filme mudo, em seus poucos diálogos. Há muita culpa cristã no modo como Tomek pensa amar Magda que, de seu lado, considera o ato apenas como algo físico. Mas o contato com Tomek e sua atenção acabam por comovê-la e a encarar a própria vida de outro modo. Há uma cena particularmente bonita, quando Magda, do ponto de vista de Tomek, observa seu apartamento lá longe e fantasia como Tomek a veria. O final é aberto, mas tocante.