
"Uma garota divivida em dois" é um filme do veterano diretor francês Claude Chabrol, que já está com 78 anos, e que faz cinema desde os anos 1950. Chabrol dirige com classe, com elenco afinado. O roteiro é bem "europeu" (isto é, adulto), e lida com este triângulo amoroso de forma por vezes chocante. Nenhum dos personagens atrai muita simpatia da platéia (a não ser, talvez, a garota), e o filme expõe suas fraquezas, desejos e mesmo seus desvios. O velho escritor é mostrado como um homem realista ao ponto do cinismo ou da hipocrisia. Ele trata Gabrielle como um troféu por ele conquistado e usa frequentemente a palavra "amor", mas a trata como um fetiche sexual. A garota, por seu lado, ainda tem fantasias a respeito de romance e de afeição, mas também não quer parecer uma inexperiente ao lado do parceiro com idade para ser seu avô, e pede que Charles "lhe ensine". Já Paul é um jovem mimado que nunca teve que trabalhar um dia na vida e que vive na sombra do que foi seu pai e sob a tutela severa da mãe. Gabrielle, para ele, representa aquilo que o dinheiro não pode comprar. Ela a princípio repele suas investidas, mas diante dos problemas com Charles, ela começa a ceder. Mas será que Paul está preparado para lidar com ela?
O filme corre o risco de se tornar enfadonho quando um crime inesperado dá uma reviravolta na história e joga a personagem de Gabrielle em outro turbilhão de problemas. Estranhei um pouco o modo como Chabrol corta seu filme. Há sequências pouco interessantes que se arrastam desnecessariamente (como uma conversa entre a mãe de Gabrielle e um tio). Em outras sequências, Chabrol corta a cena justo no momento em que se espera algum tipo de reação importante dos personagens. O filme é um tanto frio e os personagens pouco simpáticos, mas há bons momentos e diálogos inteligentes. E o final, apesar de um pouco literal, é muito bom.
esse é outro que pretendo ver se não sair de cartaz logo como "um crime americano".
ResponderExcluiré sempre bacana pagar pra ver disputas amorosas, já que a vida real é ... bom... real demais. rs
bjão João!
No cinema é mais seguro, hehe...
ResponderExcluirbjo