Espécie de versão francesa de "Shakespeare Apaixonado" (1998), este filme apresenta de forma romanceada parte da vida do dramaturgo e ator francês Jean-Baptiste Poquelin, conhecido como Molière. Confesso que, com exceção de "O Doente Imaginário", que vi no teatro na adolescência, tive pouco contato com as peças de Molière e não percebi várias das referências constantes no filme. Escrito e dirigido por Laurent Tirard, o filme começa com a volta de Molière (Romain Duris) à Paris, famoso e bem sucedido, depois de 13 anos viajando e se apresentando pela França. Apesar de seu nome ser sinônimo de comédia, Molière tem intenção de apresentar uma tragédia no Teatro Real. Sua trupe lhe diz que ele não sabe interpretar tragédias, e o próprio rei da França lhe pede por uma comédia. Mas Molière só se convence do fato depois de visitar uma mulher misteriosa que, à beira da morte, pediu que ele viesse lhe visitar. Quem seria ela?
O filme então faz um flashback treze anos no passado, quando Molière foi jogado na cadeia por causa de uma dívida. Ele é libertado e levado à casa de Monsieur Jourdain (Frabrice Luchini), um homem casado que nutre uma paixão por uma marquesa viúva. Ele quer que Molière lhe ensine a representar para que ele conquiste o coração dela. A esposa de Jourdain, Elmire (Laura Morante) é uma bela mulher, negligenciada pelo marido. Molière se interessa por ela mas, a mando de Jourdain, está disfarçado como um padre chamado Tartufo, que estaria na casa para ensinar a filha mais nova do casal. A partir dessa situação se constroem várias pequenas farsas envolvendo artifícios conhecidos do teatro, como o uso de identidades secretas, pessoas escondidas em baixo da mesa para escutar a conversa dos outros, declarações de amor feitas por pretendentes misteriosos, e assim por diante. Tudo, repito, usando personagens ou situações vindas de peças de Molière como "O Misantropo" e "Tartufo". O elenco é muito bom, com destaque para Fabrice Luchini, que compõe um homem obcecado e cego de paixão, que quer a todo custo aprender artes para conquistar alguém. A produção é bem feita, com destaque para a recriação de época, figurinos e trilha sonora. A vida real de Molière, provavelmente, daria um flme até melhor do que este, mas é uma boa opção nos cinemas.
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