Fui ontem conferir um dia na 16a. edição do Festival Animamundi, em São Paulo, no Memorial da América Latina. Dia frio em Sampa, mas havia um grande público presente ao evento. A fila para comprar ingressos para as exibições de curtas e longas era grande, mas andava rápido. O problema é que ainda há certa desorganização nestes festivais, infelizmente. A moça na bilheteria me garantiu que seria possível assistir uma mostra de curtas às 16h, outra às 17h e o longa das 18h, a um valor de seis reais cada uma. Consegui ver a das 16h tranquilo, ok, mas quando ela terminou já eram cinco e quinze, o que significa que a outra sessão, em outra sala, já havia começado. Para complicar, não havia mais lugares para sentar e grande número de pessoas ficou ou em pé ou tendo que discutir com os monitores que não permitiam que se sentasse nas escadas. A problema do horário se repetiu; apesar da programação indicar que a sessão durava menos que uma hora (o que permitiria assistir ao longa das 18h de volta na Sala 01), já era quase 18h e ainda faltavam dois curtas para terminar. Conclusão, dos sete curtas exibidos nesta sessão, pude ver apenas quatro, porque perdi o primeiro e os dois últimos por causa do horário. É ótimo ver que há grande público para este tipo de festival no Brasil e que a animação está atraindo cada vez mais atenção, mas falta ainda um pouco mais de organização (ou informação) na hora de lidar com o público.
Dos filmes vistos, algumas impressões:
Curtas 12
- Fear - dirigido pelo argentino Augustin Grahan, o curta chama a atenção por ser um "animê" produzido por Grahan no Japão entre 2004 e 2007. Com 12 minutos e meio, o curta é tecnicamente muito interessante e extremamante japonês (bem desenhado, interessante, violento). Mostra o embate entre um adolescente e uma estranha criatura que se parece com um assassino que persegue, com um martelo nas mãos, o jovem. Grahan estava na platéia e disse algumas palavras antes do início da sessão.
- Replay - o curta que mais gostei. Sensível e tocante, o animado francês mostra um mundo pós hecatombe nuclear em que uma mulher encontra um gravador em meio aos escombros. Seu filho fica muito interessado na gravação, foge do abrigo e vai até a cidade deserta e morta. Usando um tubo de oxigênio e uma máscara, o menino anda pela cidade abandonada e vai escutando o passado através das gravações na máquina. Ele entra no pátio de uma escola, liga o gravador e escuta o som de crianças brincando, alegres, até que ele começa a ver realmente tais crianças, que o convidam para brincar com elas. Final triste mas emocionante. Com 08:20 de duração. Dirigido por Boumediane/ Delmeule/ Voisin/ Felicite-ZulmaFrança / France [2007].
- Plastic People - de Pavel Koutsky, República Tcheca, 06:00. Uma irônica crítica aos mundo das cirurgias plásticas, o filme é muito engraçado e mostra, através de uma animação simples e tradicional, como uma clínica se transforma em uma espécie de fábrica de mulheres iguais (loiras, seios imensos e cintura fina).
- Mahi (Os Peixes) - animado iraniano de Mahmoud Fakjrinejad, com 05:00. Muito bem feito, em preto e branco, simulando traços a lápis, mostra a vida de um peixe do fundo do mar até acabar dentro da sacola de um pescador.
- La Tête dans Les Flocons - de Bruno Collet, França, 03:00. Comédia meio absurda feita em stop motion mostrando uma corrida sobre skis maluca entre bonecos do "bem" e um do "mal" (todo de preto), montanha abaixo. O clima é bem nonsense e o público riu muito.
- Unpredictable Behaviour - Ernst Weber, Pasha Shapiro, EUA, 05:05. Computação gráfica muito bem feita, mas sem muita graça, mostrando um diálogo entre Sherlock Holmes e o Dr. Watson. Holmes seria, na verdade, um andróide criado pelo Dr. Watson.
- Cânone para 3 Mulheres - Carlos Eduardo Nogueira, Brasil, 08:40. Computação gráfica superproduzida, fianciada pela Petrobrás e contando com grande equipe mas... que filme é este? É uma crítica ao modo de vida de hoje ou um filme machista e preconceituoso mostrando um dia na vida de três mulheres que são idênticas ("gostosas" mas burrinhas, seios enormes, bumbum empinado) e seus chefes aproveitadores. Com mais de oito minutos (intermináveis), o filme é estilizado e é feito por uma série de "loops" animados. O público, ao final, nem aplaudiu.
- Como Instalar seu Home Theater - de Kevin Deters e Stevie Wermers-Skelton, EUA, 06:18. E, de repente...um desenho animado do Pateta?? Este ótimo curta metragem da Disney resgata o clima gostoso dos curtas de antigamente e mostra, com muita ironia, a que ponto chegou a tecnologia das TVs ultra gigantes e dos Home Theaters. Pateta quer assistir aos jogos de futebol americano com a melhor qualidade possível e vai à uma loja procurar pelas novas maravilhas tecnológicas. Seria uma crítica da Disney ao Home Theater, que está tirando espectadores das salas de cinema? Talvez. O fato é que o curta é muito engraçado e fechou com chave de ouro a sessão.
No próximo post, a parte dois do Animamundi.
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